NATAL DE 1997
Eu tinha em minhas mãos o Céu, todo o Céu.
Eu tinha em minhas mãos a Terra, toda a Terra.
Eu tinha em minhas mãos as estrelas, todas as estrelas.
Eu tinha em minhas mãos o amor, todo o amor.
Enquanto te tinha a ti, para me dares carinho
A extinção de uma forma devida exige o ajustamento e compreensão por todas as outras, diz uma verdade ecológica.
A extinção de um ser familiar, também nos conduz a entender que nada existe por si só e que há interdependência espiritual nas nossas vidas.
A vida humana, como qualquer vida, tem vários ciclos: criação, expansão, crescimento, declínio, contração e destruição. Isto vale para toda a matéria, não para o espírito, que é uma forma de energia contínua.
Eu sempre lembrei o Natal como uma reunião familiar, mas lembrava-o mais como ser material do que espiritual. Contudo a relação entre matéria e energia é muito mais ampla do que poderíamos supor.
Vários mestres já nos ensinaram que somos seres espirituais vivendo
experiência humana e não seres humanos vivenciando a espiritualidade.
Eu sei que cada um de nós se julga muito mais corpo que espírito, entretanto o corpo é apenas o Templo da Alma. Ele fenece, mas a alma permanece.
Este Natal será para nós, eu minha esposa e minha filha, diferente dos demais, muito mais triste, porque ainda estamos imbuídos, como quase todos os seres humanos, da consciência que viver é existir e morrer é deixar de existir.
Todavia a realidade é bem outra, a vida é somente uma forma de existência material. Quanda ela acaba, somente o nosso Eu Inferior, denso, degenerado e obscuro perde a vida. O nosso Eu Superior, harmônico, perfeito e energético passa a outras formas de existir, que pouco compreendemos.
Assim como apenas a água pura se transforma em vapor, continuando a existir, mas deixando todas as impurezas no solo. A morte também é uma transformação, onde deixamos a parte impura na Terra, passando a uma existência em Domínios Divinos, com níveis de pureza, amor e bondade que não estamos preparados para avaliar.
Natal é também época de crescimento espiritual, do despertar para a luz que ilumina, a do espírito, e não para a luz que cega, a das ilusões carnais. Despertar para compreendermos a longa jornada do espírito através da matéria, do espaço, do tempo e até da energia. Retornando à sua origem, após descrever uma longa linha espiralada, símbolo da eternidade.
Natal é ainda tempo de lembrarmos que nascemos, nosso Natal, crescemos e voltaremos para casa. O organismo humano volta à sua origem levando consigo toda a sabedoria e conhecimentos adquiridos e integrados à sua alma, em todas as experiências de vida, deixando o estágio de homem animal para o estágio de homem-espiritual.
Chamamos de evolução as várias fases do ser humano. Começa a chegar a hora da involução, isto é, do retorno da matéria ao espírito. A Terra viverá brevemente uma força incomensurável, involucionária, onde o plano espiritual será compreeendido por todos, como única razão de nossa Aventura Humana. Há quem chame a isto de Era de Aquário, eu lhe chamarei Era da Revelação Espiritual, onde espírito e matéria se misturem e se compreeendam. O homem saiba ainda na Terra os princípios eternos para que foi criado e não pense apenas em segurança, sexo e poder.
Natal é também tempo de recordar, neste Natal, especial para mim, recordarei todos os dias felizes da minha vida, desde criança, em tempos difíceis mas belos, até minha vivência com minha família, principalmente os 18 Natais com meu filho, procurando esquecer os momentos tristes. Estarei junto de minha esposa e minha filha e sei que nosso filho, de onde se encontra far-nos-á companhia e nos intuirá na mente: Não fiquem tristes por minha causa. Eu vim ao plano físico para os fazer felizes e não infelizes. Eu não poderei me alimentar de matérias densas com vocês, mas estou presente ao seu lado para que tenham certeza que a morte não é o fim
mas o princípio da vida como seres espirituais que somos.
Por que deixaram de colocar enfeites na casa este ano e nem prepararam uma mesa com alimentos e presentes? Vocês nem sabem quão junto de vocês estou e como me sinto feliz por ter cumprido minha missão
terrestre, mas me sinto triste em vocês. Eu não queria nunca ser causa de tristeza, mas de felicidade, entretanto vejo lágrimas em seus olhos.
Olhem para cima, vão até ao terraço e verão como o Universo é belo
e será mais belo ainda se compreenderem as forças metafísicas que compõem o sagrado. Ah, se vocês soubessem o que é a felicidade em que me encontro, estariam comemorando com a maior alegria de que seriam capazes de ter.